19.5.06

VIOLÊNCIA – O QUE PODEMOS FAZER?

A violência se tornou o assunto principal nestes dias. O que aconteceu em São Paulo pirou a cabeça de todo mundo, literalmente. No mundo inteiro se ouviu falar do que estava rolando na maior cidade do Brasil. Até a TV Al Jazira – famosa por noticiar o terrorismo da Al Qaeda – testemunhou o acontecido em São Paulo.

Impressionados com o episódio noticiado intensamente pela mídia sensacionalista que aproveita do momento para entrar em nossas casas e trazer mais pânico, a população se trancafiou em suas casas. Desde quando a violência não existe na maior cidade do Brasil? Infelizmente o Brasil é um dos países mais violentos da América Latina e do mundo. Com o bombardeio de notícias pela internet, revistas, jornais e tv ficamos confusos e sem saber onde está a verdade nesse caso triste de São Paulo. O que sabemos é que pessoas foram mortas, polícias e bandidos, presídios foram destruídos e o caos foi gigante.

Mas a violência tem dado a sua cara feia de várias maneiras e por longos anos. Guerras, terrorismos, maus tratos com crianças, mulheres e velhos; estupros, assassinatos, seqüestros, tráfico de drogas, rebeliões, presos que maltratam os próprios presos, policiais que abusam do poder, prostituição infantil, trabalho escravo, a luta no campo, nem as escolas ficam de fora. Mas o que causa tudo isso? Com certeza são inúmeros os motivos: desigualdade social, desemprego, educação (a falta), baixo salário dos policiais e dos carcereiros, superlotação das cadeias e presídios, omissão das autoridades, leis ultrapassadas, drogas, álcool, machismo dos agressores de mulheres, impunidade e principalmente a falta de Deus.

Foi logo depois da queda que surgiu a primeira cena de violência. O assassinato de Abel pelo seu próprio irmão mostra que foi só o pecado entrar na humanidade que logo viria a desumanização da criação por meio da violência. O caos foi aumentando de tal forma que Deus resolveu acabar com a terra, os animais e os homens violentos que estavam cada vez mais distantes do seu criador (Gn 6.7). “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência” Gn 6 .11. Noé foi poupado porque “era homem justo, íntegro e andava com Deus” (Gn 6.9).

O evangelho de Jesus sempre será resposta para o combate à violência porque as raízes do ódio, da revolta, da amargura estão no coração do homem. A conversão do apóstolo Paulo mostra muito bem isso, de perseguidor violento Paulo se tornou um perseguido. E depois escreveu para os irmãos da cidade de Corinto dizendo que aquele que está em Cristo é nova criatura (2 Co 5.17-18). Em Lucas 6. 27-36 Jesus ensina a combater o mal com o bem, ele mostra que é preciso aniquilar a inimizade e não o inimigo.

Mas apesar da pregação do evangelho ser resposta para a diminuição da violência a Igreja necessita demonstrar em atos concretos o seu interesse em combater esse câncer que destrói a humanidade. É preciso cobrar dos nossos governantes, políticas sociais que visam diminuir o desemprego, a falta de moradia, o acesso à educação, saúde, enfim diminuir a desigualdade social. É preciso que a igreja se levante com voz profética denunciando essa política exclusivista que só visa a burguesia levando os mais fracos a se rebelarem. Cada vez mais a igreja precisa apoiar trabalhos de base como o Projeto Reconstruir e muitos outros que acontecem nas favelas e periferias do nosso Brasil. O cuidado com a criança e adolescente através do atendimento em creches, projetos educacionais, profissionalizantes e esportivos são recursos extremamente eficazes no combate a violência. A igreja pode também dar assistência às famílias vitimadas por algum tipo de violência, o que muitas vezes exige encaminhamento a entidades e órgãos que trabalham essa questão.

Devemos entender também que a educação começa em casa. Tantos lares hoje são verdadeiros campos de batalha. Educar os filhos com violência é ensinar o filho a ser um agressor. É possível substituir os brinquedos agressivos como armas por brinquedos educativos e esportivos. Palavras e atos agressivos em casa são um incentivo à violência.

É possível fazer muita coisa. Portanto vamos orar, evangelizar, mas vamos também agir.

Saimon, pastor.